Despejo Quimico na California afeta saúde dos Leões Marinhos causando Câncer
Leões marinhos da Califórnia (Zalophus californianus) têm uma das maiores taxas de câncer de todos os mamíferos, e os cientistas há muito se perguntam...
Leões marinhos da Califórnia (Zalophus californianus) têm uma das maiores taxas de câncer de todos os mamíferos, e os cientistas há muito se perguntam por quê.
A resposta, foi publicada na Frontiers in Marine Science em dezembro de 2020, e é complexa. Mas um componente chave é a exposição a produtos químicos tóxicos, de quando a costa da Califórnia era um depósito industrial de despejo.
“É extraordinário, o nível de poluentes nesses animais na Califórnia, e é um grande fator no motivo pelo qual estamos vendo esse nível de câncer”, disse o coautor do estudo e patologista do Centro de Mamíferos Marinhos Dr. Pádraig Duignan ao Los Angeles Times.
Nos últimos 40 anos, 18 a 23% dos leões marinhos tratados no hospital Marine Mammal Center em Sausalito, Califórnia, morreram de um tipo particular de câncer, conforme relatado a imprensa. Isso é incomum, pois mamíferos selvagens tendem a não desenvolver essa doença. Na verdade, os leões marinhos da Califórnia têm a maior taxa de um único tipo de câncer encontrada em mamíferos, incluindo os humanos.
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Esta pesquisa chocou a pesquisadora do tema, Frances Gulland, quando começou a trabalhar no Centro de Mamíferos Marinhos há 26 anos.
“A vida selvagem não deveria estar tendo câncer assim, isso é loucura! “Como isso pode ser?”
Mas os 250.000 leões marinhos da Califórnia se reproduzem em ilhas ao longo da costa central da Califórnia, observaram os pesquisadores desse estudo. Esta é a mesma área onde ocorreu o despejo químico do DDT na década de 1960 e a poluição da industrialização e urbanização nas décadas seguintes. Lixo industrial, material radioativo e resíduos de refinarias de petróleo também foram despejados no oceano.
“Com todo o despejo químico desde a Segunda Guerra Mundial, até a década de 1970, ainda é possível encontrar resíduos nesses locais”, disse Duignan ao Los Angeles Times. “Esses produtos químicos despejados não foram totalmente eliminados ou perderam força em todos esses anos mesmo com intervenção e ninguém sabe se algum dia isso será possível. Isso é algo a que os leões marinhos estarão expostos por quem sabe quanto tempo.”
Para descobrir se o despejo químico foi o culpado pelo câncer, os pesquisadores examinaram 394 leões marinhos mortos durante um período de mais de 20 anos. Eles descobriram que os leões marinhos foram infectados com um vírus herpes que foi parcialmente responsável por desencadear o câncer. Ao mesmo tempo, os leões marinhos com maiores concentrações de DDT, PCBs e outros produtos químicos tóxicos em sua gordura eram mais propensos a ver o câncer se espalhar.
Além disso, os leões marinhos do estudo tinham algumas das maiores concentrações de poluentes orgânicos em sua gordura do que de qualquer outro mamífero marinho.
Os resultados mostram os perigos que as toxinas podem representar para a vida selvagem muito tempo depois de serem eliminadas gradualmente. Eles também trazem implicações preocupantes para a saúde humana.
“Embora alguns dos poluentes que estamos encontrando na gordura estejam fora de uso há anos, esses elementos causadores de câncer permanecem no ambiente por muito tempo e em animais que se alimentam nessas áreas como os leões marinhos”, disse Duignan – “Preocupa-me saber que consumimos frutos do mar muito semelhantes aos dessas vítimas de câncer e que o oceano está levantando um alarme alto e claro nos corpos doentes de uma espécie sentinela.”
Gulland concordou.
“Embora haja mais a ser aprendido sobre os fatores complexos que influenciam no desenvolvimento dessa doença, o que aprendemos com esses animais contribui para pesquisas que sustentam a ameaça à saúde humana de poluentes no oceano”.
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